Agricultura Regenerativa: conexão entre rural e urbano

Sustentabilidade
agricultura regenerativa

Engana-se quem pensa que a conexão entre rural e urbano está relacionada apenas à produção de alimentos. A verdade é que, além de produzir os alimentos que consumimos todos os dias, a agricultura também fornece diversos tipos de matéria-prima para a produção de uma infinidade de elementos necessários para a realização das atividades cotidianas.

Ao longo das últimas décadas, a exploração em grande escalada dos meios de produção, causou impactos negativos ao planeta, surtindo efeitos que, se não remediados a tempo, podem inviabilizar mais do que a produção de alimentos, mas também a nossa sobrevivência. 

Para mitigar estes efeitos, práticas e técnicas agrícolas que estejam alicerçadas na redução dos impactos, especialmente na diminuição da emissão de GEE (gases de efeito estufa) e no cumprimento das metas de limitar o aumento de temperatura do planeta a 1,5ºC até 2030, deverão ser tomadas.

Além disso, a produção de alimentos terá de ser cada vez mais alinhada a práticas agrícolas que possibilitem a otimização do uso dos recursos.

Neste contexto, a agricultura regenerativa surge como uma saída viável e promissora, que já coleciona inúmeros cases de sucesso.

Para entender mais sobre o que é a agricultura regenerativa e positiva e como ela está estritamente relacionada à produção agrícola sustentável, que coexiste de forma harmoniosa com o meio ambiente, confira o vídeo a seguir:

Cenário climático global

Recentemente a população mundial atingiu a marca de 8 bilhões de pessoas. As estimativas realizadas pela ONU indicam que, até 2030, seremos 8,5 bilhões de habitantes e, até 2050, esse número saltará para 9,7 bilhões. 

O crescimento substancial da população mundial gera demandas cada vez mais expressivas por alimentos, e a produção agrícola precisa acompanhar esse crescimento para preservar a segurança alimentar e a oferta de matérias-primas para as diferentes indústrias.

Nesse contexto, a conexão entre produtividade e sustentabilidade é preciosa, dado o fato de que a atividade agrícola só é possível a partir do uso de recursos naturais, que são esgotáveis e devem ser utilizados de forma sustentável, para garantir a longevidade do setor.

As mudanças climáticas, impulsionadas pela emissão de GEE, principalmente o gás carbônico (CO2), deverão ser reduzidas nos próximos anos, e a tarefa é dever de casa de todos, tendo a agricultura como um importante player nessas reduções.

As alterações climáticas interferem diretamente na produção de alimentos, indispensáveis à vida e, portanto, afetam diretamente a sobrevivência humana.. 

As principais consequências das mudanças climáticas sobre a vida humana incluem:

  • aumento da temperatura e ondas de calor capazes de causar mortes; 
  • aumento do nível do mar com potencial para inundação de grandes extensões litorâneas;
  • ocorrência de tempestades mais severas, destruindo vastas extensões agrícolas e urbanas;
  • frustrações de safras agrícolas pela irregularidade das chuvas, refletindo em crise alimentar pela redução na disponibilidade de alimentos;
  • insegurança hídrica para além da frustração de safras, a falta de chuvas ameaça a água disponível para consumo, um recurso essencial para a sobrevivência de todas as formas de vida.

Medidas nacionais e internacionais têm sido discutidas exaustivamente nas últimas décadas. A nível internacional, a Cop 27 definiu como meta limitar o aumento da temperatura média global em 1,5 ºC até 2030.  

No entanto, engana-se quem pensa que a agricultura é a vilã das mudanças climáticas. Na verdade, o setor pode ser parte da solução, com potencial para mitigar as emissões de GEE, algo possível por meio da adoção de boas práticas agrícolas, baseadas na agricultura regenerativa.

É fato que, quando a agricultura é praticada sem considerar ações benéficas ao meio ambiente, ignorando o uso otimizado e responsável dos recursos naturais e insumos, ela pode agravar o problema da crise climática

No entanto, por meio da agricultura regenerativa, que busca integrar práticas agrícolas que recuperem os solos e que preservem o meio ambiente, associando baixa emissão e sequestro de carbono, é possível ver o setor como um agente de transformação.

Agricultura regenerativa no futuro da produção agrícola, saúde do solo e meio urbano

Como visto em conteúdos anteriores, a agricultura regenerativa compreende uma série de práticas agrícolas que unem produtividade agrícola e equilíbrio ambiental, sendo vista, portanto, como um meio para enfrentar as mudanças climáticas impulsionadas pela emissão crescente de gases de efeito estufa.

Isso é possível a partir de um conjunto de técnicas que combinam inovação sustentável com tradição, concentradas na regeneração literal dos solos e dos ecossistemas do planeta. 

A melhoria do solo e dos ecossistemas permite aumentar os resultados produtivos, bem como a qualidade dos alimentos produzidos, impactando diretamente a saúde e a segurança alimentar. 

Como o termo mesmo remete, a agricultura regenerativa utiliza técnicas que regeneram, literalmente, os sistemas produtivos, e já vem apresentando resultados positivos nos últimos anos.

A seguir, um resumo sobre como as principais boas práticas da agricultura regenerativa contribuem para o futuro da produção agrícola.

Plantio direto

Introduzido no Brasil na década de 1970 e amplamente difundido nas diferentes regiões agrícolas do país, o plantio direto auxilia em diversos aspectos de conservação do solo. O plantio direto é realizado por meio da proteção do solo, evitando o seu revolvimento intensivo, contribuindo para o sequestro de carbono

Quando os solos são revolvidos, compostos armazenados nas raízes são liberados e reagem com o oxigênio, liberando CO2 , um dos principais GEE. Em áreas cultivadas sob o sistema de plantio direto, isto não ocorre, fazendo com que o CO2 seja, na verdade, mantido no sistema. 

Outros benefícios ao sistema produtivo que são alcançados por meio do plantio direto:

  • redução da evaporação da água, auxiliando os cultivos a terem disponibilidade desse recurso em momentos com ausência de precipitações; 
  • filtragem e armazenamento da água e redução da temperatura do solo por meio da adição de palhada, promovendo cobertura e, desta forma, reduzindo a evaporação da água;
  • incremento de matéria orgânica, que é importante para a biodiversidade de microbiota do solo, disponibilidade de nutrientes para as plantas e para a própria estruturação e capacidade de retenção de água dos solos;

Você pode conferir mais informações sobre esta prática, no vídeo a seguir:

Rotação de culturas 

A rotação de culturas também faz parte das estratégias da agricultura regenerativa. Nesse sistema, culturas de diferentes necessidades nutricionais são cultivadas durante um mesmo ano agrícola. 

A prática, além de explorar diferentes nutrientes presentes no solo, também auxilia em sua saúde, pois sistemas radiculares distintos favorecem a infiltração e o armazenamento da água das chuvas, permitindo que, mesmo que não ocorram precipitações, as culturas tenham disponibilidade de água e tolerem pequenos períodos de déficit hídrico

A rotação de culturas beneficia o sistema auxiliando na porosidade e na aeração do solo, evitando a sua compactação. Os solos compactados não são capazes de absorver e armazenar grande quantidade de água.

A seguir, confira um vídeo que aborda a importância da rotação de culturas para a evolução da agricultura sustentável:

Dessa forma, a agricultura regenerativa foca na recuperação do agroecossistema, fomentando sua biodiversidade, ponto central na busca de equilíbrio ecológico do ambiente. 

A Rotação de culturas pode auxiliar, por exemplo, na resiliência dos cultivos diante de pragas e doenças, aumentando ainda a eficiência do uso dos nutrientes. 

Isso é possível pois as diferentes culturas consorciadas têm necessidades nutricionais distintas, assim como há diferenças de comportamento quanto ao crescimento do sistema radicular e dos organismos associados, permitindo aproveitamento dos recursos do solo de forma otimizada. 

Além disso, a diversidade de plantas, permite maior biodiversidade no sistema, conferindo maior equilíbrio entre organismos predadores e seus inimigos naturais, mantendo a população das pragas abaixo do nível de dano econômico.

Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF)

A ILPF permite a expansão das áreas verdes em alinhamento com a produção de alimentos vegetais e proteínas, essenciais para a alimentação humana.

Neste sistema, florestas cultivadas são implantadas em uma área que associa produção agrícola e produção animal. Em um cenário de mudanças climáticas, o ILPF confere maior resiliência ao agroecossistema, ou seja, capacidade de retomar suas funções mesmo após impactos como seca, alagamentos e desmatamento. 

A prática da ILPF resulta em aumento da umidade relativa do ar e da disponibilidade de água nas propriedades rurais. Isto ocorre devido a capacidade de absorção de água pelas raízes das árvores em camadas mais profundas (até 10 metros), atuando como uma espécie de esponja. Para manter as raízes mais próximas à superfície em atividade, as árvores transportam a água até elas, fornecendo esse recurso também às culturas agrícolas em períodos de ausência de chuvas. 

Ela contribui ainda para melhorias na fertilidade do solo devido à presença constante dos animais na área, que eliminam seus dejetos sobre a superfície. Além disso,  reduz a erosão pela cobertura vegetal constante, e aumenta a biodiversidade de organismos, caminhando para um maior equilíbrio do agroecossistema. 

A ILPF não proporciona benefícios apenas para o ambiente, mas também para os produtores, aumentando sua renda em um sistema produtivo diversificado.

A Syngenta foi a primeira empresa a aderir à rede ILPF, em 2012, sendo parceira na implantação de mais de 17 milhões de hectares de florestas plantadas no país. 

Recuperação de áreas degradadas

Essa prática consiste em tornar uma área agrícola, antes considerada improdutiva, em produtiva novamente, evitando a necessidade de abrir novas áreas de vegetação nativa para o plantio em solo sadio.

Exemplos de sucesso na recuperação de áreas degradadas foram verificados em regiões do Cerrado. Inicialmente, na década de 1960, essas áreas eram consideradas impróprias para a produção agrícola. 

Após ações bem-sucedidas, pesquisas, inovações e investimentos, foi possível tornar as essas áreas degradas em produtivas, o que contribuiu para que o Brasil se tornasse destaque mundial na produção de alimentos.

Incentivo à preservação de florestas em áreas rurais

Atualmente, são mais de 564 milhões de hectares de florestas preservadas no Brasil, somando números de áreas rurais, proteção de vegetação nativa e áreas de preservação permanente (APPs).

agricultura regenerativa

A preservação das florestas pode, ainda, gerar renda aos agricultores. Isso é possível por meio da venda de créditos de carbono, por exemplo, fato que já é uma realidade.

Dessa forma, a agricultura regenerativa caminha lado a lado com a responsabilidade ambiental, promovendo a proteção do bem mais precioso da produção agrícola: o solo. 

O sequestro de carbono pelas práticas agrícolas é realidade

Técnicas que contribuam com o sequestro de carbono e com a redução da emissão da substância são fundamentais para a proteção e a recuperação da saúde dos solos, além de refletirem diretamente na gestão da crise climática.

Os exemplos demonstrados anteriormente já são realidade no Brasil. Mais de 32 milhões de hectares vêm sendo cultivados sob sistema plantio direto e 17 milhões sob sistema ILPF.

Syngenta como parceira em ações que visam a preservação e a recuperação dos solos

A Syngenta, há muitos anos, difunde e participa de iniciativas que visam divulgar a agricultura regenerativa, transformando as práticas agrícolas em positivas para o futuro do setor e da humanidade.

Programa Reverte

O programa Reverte é realizado em parceria com o TNC (The Natural Conservancy) e o banco Itaú BBA, e tem como objetivo transformar áreas degradadas em áreas produtivas. 

Os resultados dessa iniciativa já podem ser visualizados. Nos últimos 10 anos, 53% da expansão agrícola do país ocorreu em áreas de pasto anteriormente degradado, fazendo com que áreas improdutivas voltassem a ser cultivadas.

O programa já atua na recuperação de terras em de mais de 150 mil hectares  de solos degradados. E a meta é recuperar 1 milhão de hectares até 2030.

A Syngenta visa desenvolver pesquisas e difundir tecnologias que contribuam para as práticas da agricultura regenerativa na produção agrícola do Brasil, tornando o país uma referência em sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente.

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