Boas práticas agrícolas e os benefícios para as lavouras

Imagine que você é agricultor e que o sustento da sua família dependa da rentabilidade da sua lavoura. Qual seria a sensação se um profissional do agro te dissesse que 40% dos fertilizantes que você tem aplicado no solo estão sendo desperdiçados, e que com boas práticas agrícolas é possível melhorar a eficiência produtiva das lavouras?
Nesse cenário, certamente você aceitaria as recomendações técnicas do profissional e teria pressa em adotar as práticas regenerativas para o seu negócio, certo? Bom, precisamos dizer que essa situação é mais real do que parece. Pesquisadores da Embrapa Solos afirmam que 40% dos fertilizantes aplicados no solo são perdidos de alguma forma.
As boas práticas agrícolas são ótimas para o seu bolso – seja você produtor ou consumidor final. E essa relação é fácil de entender:
Manejo otimizado = maior eficiência produtiva = redução dos custos de produção = maior margem de lucro para o agricultor = alimentos mais baratos nas feiras e mercados.
Estudos científicos também mostram que as boas práticas potencializam o sequestro de carbono feito por meio do solo e das plantas. Ou seja, além da questão econômica, as boas práticas agrícolas são o fundamento de uma agricultura, que regenera o solo e a natureza, além de preservar a biodiversidade e combater a crise climática.
O que as lavouras com boas práticas agrícolas têm de diferente das outras?
O interesse em financiar projetos e propriedades rurais sustentáveis está em alta no universo dos investimentos.
Se antes o agronegócio era apontado como causador de grande parte dos problemas do nosso planeta, hoje ele é reconhecido como peça-chave para reduzir o aquecimento global e garantir segurança climática e alimentar para as futuras gerações.
A agricultura regenerativa, se tornou o melhor caminho para alimentar o mundo com qualidade e responsabilidade – e os diferenciais das lavouras com boas práticas agrícolas comprovam o motivo desse sucesso.
1. Solos férteis e bem estruturados
A recuperação de solos degradados é um dos pilares principais da agricultura regenerativa. Essa estratégia é fundamental para que seja possível aumentar a produção de alimentos sem precisar desmatar novas áreas.
Sabemos também que a saúde do solo tem impacto direto na produtividade, pois é nesse ambiente que as raízes das plantas buscarão por águas e nutrientes essenciais para o seu pleno desenvolvimento. Para que um solo seja considerado fértil e ideal para atividades agrícolas, é preciso que ele esteja fisicamente estruturado, quimicamente equilibrado e biologicamente ativo.
Em relação às propriedades físicas, devem ser observadas características como densidade, compactação, textura e porosidade.
Em relação às propriedades químicas, são analisados índices como pH, salinidade, capacidade de troca catiônica (CTC) e teor de nutrientes.
Por fim, as propriedades biológicas correspondem à atividade microbiológica e à diversidade de microrganismos.
Nas lavouras que adotam boas práticas agrícolas, temos manejos que estimulam esse tripé de fertilidade, como:
- rotação de culturas;
- plantio direto;
- cobertura permanente;
- redução da perturbação do solo;
- uso de insumos biológicos, como os fixadores biológicos de nitrogênio:
Os benefícios resultantes desses manejos, são:
- menor impacto das chuvas na superfície do solo;
- menor risco de empoçamento de água não infiltrada no solo;
- proteção contra a lixiviação de partículas;
- maior conforto térmico para as plantas;
- redução da perda de água por evaporação;
- redução da erosão;
- reduz a emissão de gases de efeito estufa e potencializa a retirada de CO2 da atmosfera.
A diferença entre os solos de propriedades que adotam práticas da agricultura regenerativa para propriedades que realizam uma agricultura intensiva e não alinhada às necessidades ambientais reflete na produtividade, na rentabilidade e na longevidade das atividades agrícolas na área.
2. Presença de inimigos naturais e polinizadores
Outra característica marcante das lavouras com boas práticas agrícolas é o equilíbrio do agroecossistema. A presença de inimigos naturais é fundamental para que seja possível manter as pragas em um nível de equilíbrio, evitando ao máximo o nível de dano econômico.

Alguns exemplos de manejos sustentáveis da agricultura regenerativa que promovem o equilíbrio do agroecossistema são:
- manejo integrado de pragas;
- manejo integrado de doenças;
- manejo integrado de plantas daninhas;
- rotação de culturas;
- controle biológico;
- plantio de culturas repelentes;
- áreas de refúgio;
- uso de variedades resistentes;
- tratamento de sementes;
- armadilhas físicas;
- rotação dos mecanismos de ação dos defensivos;
- tecnologia de aplicação.
Como benefícios dessas boas práticas, temos:
- presença desejada de inimigos naturais;
- presença de polinizadores, como abelhas;
- proteção da tecnologia, evitando a seleção de pragas resistentes;
- maior eficiência das pulverizações;
- manejo direcionado ao alvo;
- redução de desperdício de insumos;
- menor risco de contaminação ambiental;
- menor risco de prejuízos causados por pragas, doenças e daninhas.
Em relação à sanidade das plantas, lavouras com boas práticas agrícolas tem como diferencial um ambiente de controle preventivo, dificultando a entrada e a disseminação de organismos vivos com alta capacidade de infestação, reduzindo os riscos de danos e perdas significativas.
3. Ambiente favorável para o desenvolvimento das plantas
As mudanças climáticas estão em pauta como fator limitante para a produção agrícola e são preocupação global para a sobrevivência das próximas gerações. Isso porque a temperatura afeta diretamente o desenvolvimento das plantas – e se os termômetros mundiais registrarem aumento superior a 1,5ºC por conta do aquecimento global, muitas culturas e áreas rurais estarão comprometidas, impactando diretamente na segurança alimentar do planeta.
A temperatura se tornou uma preocupação mundial nos últimos anos, mas essa sempre foi uma questão real no dia a dia dos agricultores. Cada espécie de planta possui exigências de temperatura, umidade e luminosidade para se desenvolverem e atingirem o seu máximo potencial produtivo.
No caso da produção comercial de alimentos, uma estratégia que pode potencializar o desempenho das lavouras é o cultivo protegido. Essa modalidade permite que o produtor adapte o ambiente para que ele se torne o mais favorável possível para a cultura em questão, aumentando a produtividade.
No entanto, devido aos custos elevados necessários para a montagem da estrutura e aplicação de tecnologias do cultivo protegido, esse sistema pode não ser economicamente viável em muitas propriedades.
Mas a boa notícia é: com a adoção da agricultura regenerativa, é possível estimular essa adaptação climática em ambiente aberto. Como? Por meio das seguintes práticas:
- restauração de pastagens degradadas;
- plantio de florestas;
- áreas de preservação permanente, reserva legal e áreas de uso restrito;
- sistemas agroflorestais;
- integração lavoura-pecuária (ILP) ou lavoura-pecuária-floresta (ILPF);
- cobertura permanente do solo.

Os benefícios são tanto para o microclima da lavoura, quanto para o planeta:
- redução da emissão de gases de efeito estufa;
- maior potencial de sequestro de carbono;
- aumento das chuvas e da disponibilidade hídrica no solo;
- redução da erosão;
- aumento da umidade relativa do ar;
- redução da temperatura do solo;
- menor risco de eventos climáticos extremos;
- melhor resistência contra secas e calor intensos;
- temperatura amena na lavoura.
Estudos mostram que os sistemas integrados de produção, como ILPF, tornam a propriedade mais resiliente, além de aumentar a produtividade e os benefícios socioeconômicos.
4. Produtividade e rentabilidade elevadas e duradouras
Como consequência de todos os efeitos positivos citados nos tópicos anteriores, podemos destacar que as lavouras com boas práticas agrícolas são mais produtivas e rentáveis em comparação àquelas que não seguem o mesmo modelo de produção. Isso se torna simples de entender quando analisamos o potencial dos custos de produção que a agricultura regenerativa apresenta.
As pulverizações representam grande fatia dos custos totais de qualquer lavoura, mas também é importante reconhecer que, se não fossem os defensivos agrícolas, as perdas geradas pelas pragas fariam com que esses custos fossem ainda maiores – e os alimentos mais caros.
O agricultor precisa de insumos de qualidade e alta tecnologia para conseguir produzir mais com menos. E como consumidores, precisamos entender que as boas práticas agrícolas são positivas também para o nosso bolso.
Com a recuperação dos solos degradados, a preservação da biodiversidade, o equilíbrio do agroecossistema e o combate às mudanças climáticas, as lavouras se tornam muito produtivas, eficientes e rentáveis, garantindo ao produtor a remuneração devida por seus esforços para alimentar o mundo com sustentabilidade.
Além disso, os sistemas diversificados de produção em uma mesma propriedade ajudam a diversificar também a receita do produtor. Plantar espécies nativas para madeira ou produtos florestais não-madeireiros, por exemplo, pode acrescentar uma importante fonte de renda para pequenos agricultores, assim como a integração com a criação animal ou de outras espécies agrícolas.

De um modo geral, a agricultura regenerativa e as boas práticas agrícolas visam produzir alimentos ao mesmo tempo em que propiciam condições para a natureza se recuperar.
Ou seja, enquanto nos sistemas convencionais a exploração intensiva tende a gerar o esgotamento dos recursos naturais e a desertificação dos solos, na agricultura regenerativa a produtividade e a rentabilidade elevadas são sustentáveis a longo prazo, fazendo com que os benefícios funcionem como uma engrenagem contínua.
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