Comunidades rurais e a sustentabilidade no agro

Sustentabilidade
comunidades rurais

Você já ouviu falar em êxodo rural? Esse é o nome dado ao processo de migração em massa decorrente da industrialização acelerada, em que parte da população se mudou do campo para a cidade – e parte das comunidades rurais se tornaram comunidades urbanas em decorrência da transformação de suas zonas de habitação.

Com a aglomeração das indústrias e comércios nas cidades, a vida no campo passou por uma fase de precarização, com áreas, de difícil acesso, falta de recursos e infraestrutura, concentração fundiária e desvalorização do trabalho rural. 

Por muitos anos, a falta de comunicação entre a cidade e o campo causou um isolamento entre essas comunidades, dificultando os avanços e a compreensão de como produtores, indústrias e população podem trabalhar juntos por um mundo sustentável. Hoje passamos pela modernização urbana e rural, período em que os avanços tecnológicos caminham tão rápido nas lavouras quanto nos grandes centros.

Se antes a ideia era de que quem não tinha estudos acabaria tendo que trabalhar no campo como última alternativa de sobrevivência, hoje vemos que, cada vez mais, a qualificação técnica é uma exigência para ser um profissional do agro. Além disso, também vemos as profissões relacionadas ao agronegócio em plena expansão e valorização.

Quais os principais motivos dessas mudanças? Com a chegada da era da tecnologia no campo, tivemos o crescimento e fortalecimento das comunidades rurais, que desempenham papel de grande importância na economia, colaborando para um agro sustentável.

Com um manejo muito mais eficiente e inteligente, a agricultura encara hoje novos desafios:

  • alimentar o mundo com qualidade e baixo impacto ambiental;
  • aumentar a produtividade sem utilizar novas áreas ;
  • mitigar a crise climática, ambiental e humanitária;
  • ser rentável para os produtores e acessível para os consumidores.

Como equilibrar esses fatores que, muitas vezes, parecem ser antagônicos? Por meio de tecnologia, ciência, pesquisa, qualificação técnica e boas práticas de manejo sustentável 

O que são as comunidades rurais e como elas estão se desenvolvendo?

De um modo geral, as comunidades rurais são entendidas como grupos de pessoas que vivem nas zonas rurais e que partilham dos mesmos eventos, tradições e costumes. Esses grupos podem ser formados por familiares, amigos ou vizinhos que dividem o convívio e desempenham  atividades econômicas em conjunto.

A modernização do campo, por meio da conectividade e da tecnologia, tem transformado completamente o estilo de vida desse corpo social. Com a ampliação do acesso à educação, saúde e lazer e a viabilização do desenvolvimento pessoal e profissional da população, é possível então combater a precarização causada pelo êxodo rural.

Segundo o Cadastro Ambiental Rural (CAR), até 2021 o Brasil contava com 6,4 milhões de imóveis rurais cadastrados. Em 2017, um levantamento do Censo Agropecuário, que analisou mais de 5 milhões de propriedades rurais, mostrou que 77% dos estabelecimentos agrícolas eram classificados como agricultura familiar, contemplando comunidades rurais de diversas dimensões e em todos os biomas do país.

Hoje as comunidades rurais oferecem qualidade de vida e oportunidades de trabalho, seja nas próprias atividades agropecuárias da região ou em outros tipos de comércio e serviços. Com o conhecimento técnico e prático em áreas como mecânica, elétrica, construção, agricultura e pecuária, as zonas rurais passaram a abastecer as cidades locais não só com alimentos, mas com profissionais de qualidade.

Diante da necessidade de aumentar a produção de alimentos de forma acelerada e a nível mundial, as práticas de manejo agrícola sustentáveis desenvolvidas em comunidades rurais se tornam um exemplo para o agro global.

Como as comunidades rurais fortalecem a economia?

Quando falamos em comunidades rurais, estamos nos referindo a um sistema social em que os produtores rurais possuem auto suficiência e independência econômica. O que isso significa? Na prática, a comunidade consegue produzir o seu próprio sustento – ou seja, ser economicamente sustentável.

A produção de alimentos gerada nessas regiões é geralmente utilizada para a alimentação da população e o abastecimento do mercado local. Alguns exemplos de atividades econômicas desenvolvidas por essas comunidades são:

  • agricultura familiar;
  • turismo rural.

O turismo rural, por exemplo, visa abrir as porteiras das fazendas para que famílias e grupos de pessoas possam visitar e conhecer o ambiente e um pouco da rotina no campo. Como o objetivo é contemplar o local, os proprietários têm como prioridade preservar e recuperar paisagens, evitando a exploração intensiva e a degradação da área.

agricultura regenerativa

Em todas essas modalidades é possível gerar renda, empregos, sustento e lucro. A produção agropecuária gera riqueza para a comunidade, viabilizando a modernização por meio do acesso a tecnologias e conectividade, o que possibilita a busca por maior eficiência produtiva e outros benefícios sociais, como saúde e educação.

A importância das comunidades rurais tem sido reconhecida internacionalmente. Em 2019, por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a Década da Agricultura Familiar, com o objetivo de criar e fortalecer políticas públicas que tratem questões econômicas, sociais e ambientais para essas comunidades.

O reconhecimento da agricultura familiar se dá não só pela produção significativa de alimentos, abastecimento do mercado interno e controle da inflação, mas também pelo grande potencial de geração de empregos para a população da comunidade e para que outros profissionais façam movimento oposto à urbanização, migrando para as zonas rurais.

Segundo estatísticas do Censo Agropecuário de 2017, a agricultura familiar emprega mais de 10 milhões de pessoas, o que corresponde a 67% do total de vagas ocupadas na agropecuária e 40% da renda da população economicamente ativa.

Diante da importância das comunidades rurais e da necessidade de fortalecer esse braço do agro no Brasil, instituições públicas e privadas se moveram para conceder acesso a crédito e outros benefícios importantes para as milhares de famílias que integram esses grupos. 

Nos últimos anos, com a ampla comunicação digital entre a sociedade rural e urbana por meio de plataformas e mídias sociais, vimos crescer a sensação de pertencimento ao agro e o orgulho do campo. Como resultado de tudo isso, vemos cada vez mais jovens interessados nas oportunidades de carreira no agro, o que, dentro das comunidades, favorece também a sucessão familiar.

Sustentabilidade em foco: as comunidades rurais abraçam a agricultura regenerativa.

De forma direta, as comunidades rurais já causam impacto positivo para a sociedade e para a economia, mas podemos ainda contar com os benefícios indiretos proporcionados pelas boas práticas de manejo sustentável adotadas. 

Como citamos, essas comunidades são, em grande parte, formadas por agricultores familiares, que tendem a diversificar seus sistemas de produção, fortalecendo a agricultura positiva e regenerativa. Com a diversificação dos cultivos, temos como efeitos indiretos a proteção da biodiversidade, a recuperação de solos degradados e a restauração de ecossistemas:

A necessidade de produzir diversos alimentos em um mesmo espaço faz com que os membros da comunidade busquem soluções inovadoras para aumentar a produtividade sem utilizar novas áreas, assim como estratégias de manejo que reduzam os custos. 

Com a conservação do solo e da natureza, e o manejo integrado de pragas, doenças e daninhas, os impactos ambientais são reduzidos, os recursos naturais são protegidos e a cobertura vegetal é preservada. Ao fim, todas essas medidas colaboram para reduzir o efeito estufa, combater o aquecimento global e mitigar a crise climática.

As expectativas do mercado e de organizações públicas e privadas é de que os próximos anos sejam marcados pelo pleno desenvolvimento do agronegócio no Brasil. Com o avanço de políticas e regulamentações desse setor, como o mercado de carbono, as comunidades rurais poderão então ser remuneradas pelos esforços empenhados nas práticas da agricultura regenerativa. 

Sendo referência mundial em produção agrícola sustentável, é claro que o Brasil detém inúmeros casos de sucesso que comprovam como as comunidades rurais podem transformar o planeta. Alguns exemplos são: 

  • Serra da Canastra – comunidade ecoturística e produtores artesanais/familiares;
  • Vale do São Francisco – agricultura familiar que​​ responde a 99% das exportações de uva do país;

A prosperidade rural é um dos principais compromissos da Syngenta. Não deixe de conferir a história de Ataíde Tomé, proprietário da Fazenda Invernada, em Brazabrantes (GO), que, por meio do programa Sillus da Syngenta, com foco em milho para silagem, implantou a agricultura regenerativa em sua plantação, unindo lavoura e pecuária no mesmo espaço e aumentando a produção de ambas as atividades, sem expandir o tamanho de sua área.

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