Agricultura regenerativa conecta produtividade e sustentabilidade

Sustentabilidade
Agricultura regenerativa

Como unir produtividade e equilíbrio ambiental sem interferir na oferta de alimentos e de subprodutos do agro? Essa é a pergunta que ronda todo o mundo há algum tempo, mas que se tornou ainda mais urgente a partir das decisões da COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) no final do ano passado. O fato é que a  agricultura regenerativa já é vista como uma saída para enfrentar esses desafios.  

Para tratar do tema, há dois pontos de atenção iniciais que precisam ser destacados: 

  1. comprovadamente, as mudanças climáticas são impulsionadas pela emissão de gases de efeito estufa, principalmente do CO2
  2. as metas brasileiras atuais são reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030 e neutralizar totalmente até 2050.

Se parece que o agro não tem nada a ver com isso, é aí que está o engano. A atividade agrícola tem grande potencial para sequestrar carbono a partir do maior reservatório que há para a substância: o solo. Além disso, uma produção agrícola que explore ao máximo a eficiência do solo consegue extrair mais de uma mesma área, contribuindo para a manutenção e a expansão das florestas e de sua grande capacidade de captura de carbono.

Lembrando que a meta estabelecida pela COP26 é limitar o aumento da temperatura média em 1,5 ºC até 2030. Para isso, a agroindústria também atua no setor de combustíveis, que será um grande ator nessa jornada. Segundo o MME (Ministério de Minas e Energia), o objetivo nacional é produzir 35,45 milhões de CBIO (unidades de Crédito de Descarbonização) em 2022. Cada CBIO corresponde a uma tonelada de gás carbônico a menos na atmosfera, quantidade equivalente ao gás capturado por sete árvores. 

Assim, com práticas de agricultura regenerativa, também conhecida como agricultura positiva, somadas à expansão de área verde e iniciativas agroindustriais, há um imenso potencial de redução das emissões de CO2, de combate às mudanças climáticas e de produção de créditos de carbono como o CBIO. Essas são iniciativas que, alinhadas com o equilíbrio ambiental e com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, retornam em benefícios para a sociedade. 

Como a agricultura pode reduzir o problema ambiental?

A relação entre meio ambiente e agricultura é direta, embora tenha demandado alguns anos e muitos estudos para se chegar a uma conclusão concreta a nível mundial. O raciocínio é simples e cíclico: a emissão de gases promove o efeito estufa, que causa aumento da temperatura global, que resulta em mudanças climáticas, que alteram as condições ambientais, alteração essa que interfere na produção das lavouras, que, por sua vez, têm potencial para reduzir a emissão de gases e reverter todo esse cenário.

Um ciclo produtivo que projeta um futuro sustentável para a humanidade pode ser encabeçado pela agricultura regenerativa: uma maneira de unir tecnologia, sustentabilidade, produtividade, conhecimento e produção para sequestrar carbono, recuperar solos e frear as mudanças climáticas.

Agricultura regenerativa: semeando um futuro sustentável

A agricultura regenerativa busca direcionar toda a ampla influência do segmento para a criação de processos fundamentados em sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Algumas das ações promovidas pela agricultura regenerativa merecem ser destacadas:

  • lavouras com capacidade de captar CO2;
  • recuperação de áreas degradadas em pastos produtivos; 
  • e ampliação de APPs (Áreas de Preservação Permanente). 

Para incentivar e mensurar projetos que visam diminuir a emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa) e retardar o aquecimento global, a produção de créditos de carbono foi estabelecida, de maneira a ser possível valorizar iniciativas sustentáveis implementadas ao redor do mundo e alcançar as metas globais. 

Com a importância do agronegócio brasileiro e as características ambientais do nosso país, o potencial que temos para sequestrar carbono é impressionante, desde que aplicadas as estratégias certas, nos segmentos adequados, como pretende a agricultura regenerativa e positiva praticada pela Syngenta por meio do Programa Reverte.

O que é agricultura regenerativa?

A agricultura regenerativa se dá pela integração de práticas agrícolas para recuperação do solo e preservação do meio ambiente, com técnicas que visam o sequestro de carbono e o combate às mudanças climáticas, tais como: 

  • plantio direto;
  • rotação de culturas;
  • integração lavoura-pecuária-floresta.

Para isso, a agricultura regenerativa, aliada a tecnologias avançadas, otimiza o uso dos recursos naturais e promove uma produção sustentável. Os benefícios são diversos, tanto para a economia, diante da possibilidade de aumentar a produtividade e reduzir custos de produção, quanto para a sociedade, pela ampliação do acesso a alimentos de qualidade e para a sustentabilidade, pela possibilidade da agricultura não apenas deixar de emitir, mas passar a recuperar carbono.

Transformado o futuro com ações no presente: sobre as técnicas da agricultura regenerativa

No contexto da agricultura regenerativa, o produtor é o principal agente das transformações para um futuro sustentável, conquistando nas fazendas a harmonia entre produtividade e sustentabilidade. Para isso, as técnicas anteriormente destacadas se enquadram bem nas lavouras brasileiras e, em verdade, já têm histórico de aplicação com resultados satisfatórios.

Plantio Direto

O Sistema de Plantio Direto é uma alternativa para evitar o revolvimento do solo, pois em práticas convencionais há o favorecimento da emissão de carbono a partir de atividades que desprendem o elemento armazenado nas raízes, que, em contato com o oxigênio, forma CO2 e contribui para a continuidade do efeito estufa.

A técnica do plantio direto consiste em cultivar sobre um solo protegido por palhadas provenientes de culturas antecessoras com o mínimo de revolvimento da terra, o que conserva a fertilidade e a umidade do solo e o mantém em sua função de reservatório de carbono. Além disso, é uma prática conservacionista do solo, muito importante para evitar processos erosivos.

Com o Sistema Plantio Direto integrado a técnicas que compõem a agricultura regenerativa e positiva, é possível sequestrar carbono, evitar emissão de gases de efeito estufa e ainda preservar a qualidade do solo para novos cultivos.

Lavoura de cana

Lavoura de cana protegida por palhada.

Rotação de culturas

A rotação de culturas tem papel fundamental quando falamos em práticas de conservação do solo. Isso porque a sucessão de cultivos diferentes permite a manutenção da palhada da cultura anterior na mesma área em ciclos anuais, assim, a nova safra é semeada em um solo mais rico em propriedades químicas, físicas e biológicas, com o mínimo revolvimento (considerando também a adoção do Sistema de Plantio Direto), mantendo a umidade, a nutrição e o carbono armazenado.

Além disso, esse processo fomenta a biodiversidade e contribui para a diminuição da pressão de organismos que prejudicam os cultivos, tais como pragas, doenças e plantas daninhas. 

Ainda nesse sentido, a alternância de culturas permite a utilização de uma maior diversidade de fungicidas, herbicidas e inseticidas. Dessa forma, é possível diminuir a seleção de organismos resistentes, favorecendo a manutenção e a aplicabilidade dessas moléculas ao longo do tempo. Portanto, a rotação de culturas integrada ao plantio direto diminui a necessidade de fertilizantes pela manutenção natural das propriedades do solo e promove a eficiência dos defensivos.

Integração entre lavoura, pecuária e floresta

Outra frente indispensável para a fundamentação da agricultura regenerativa, é a ILPF (integração entre lavoura, pecuária e floresta). Como o próprio nome sugere, a ILPF integra diferentes sistemas produtivos em uma mesma área, gerando benefícios mútuos a partir da interação entre eles, auxiliando no sequestro de carbono pela expansão de área verde.

A manutenção das florestas plantadas também favorece o reservatório natural de águas e a descompactação do solo, dois fatores essenciais para as lavouras. Já a pastagem de gado na área é estratégica, uma vez que as árvores proporcionam um ambiente confortável para os animais. A presença do gado ainda gera adubação natural, estimula o crescimento das culturas e otimiza a gestão de daninhas.

Benefícios da agricultura regenerativa

Alguns dos benefícios que as técnicas que compõem a agricultura regenerativa promovem já foram destacados ao longo deste conteúdo, mas vale elencar em lista as principais vantagens que tornam a agricultura mais produtiva, rentável e sustentável.

No vídeo a seguir, é possível compreender de maneira didática a base do conceito da agricultura regenerativa e positiva:

 

Benefícios da agricultura regenerativa e positiva para a sociedade

Atende demandas das comunidades

Um sistema agrícola sustentável e bem estruturado faz mais do que manter a produtividade, pois tem a chance de aumentar a produção por hectare, por meio da otimização de processos e da diversidade de produtos em uma mesma área. Com isso, produz-se mais em menor espaço, atendendo às demandas do mercado e das comunidades, considerando todos os setores em que a agricultura está envolvida.

Cultura da sustentabilidade

A agricultura regenerativa e positiva é importante para o desenvolvimento humano, pois estabelece um hábito cultural que permanece ao longo das gerações. As práticas sustentáveis consolidadas hoje têm a potência de serem transmitidas e aperfeiçoadas pelas próximas gerações de agricultores, no que se chama de transferência tecnológica, mantendo o setor em contínua evolução.

Conforto e segurança

A elaboração de processos que unem produtividade e equilíbrio ambiental proporciona uma produção sem desastres ambientais e que garante a comida na mesa da população. Assim, práticas de agricultura regenerativa e positiva beneficiam toda a comunidade, a partir de um manejo consciente da terra, contribuindo para a segurança alimentar.

Para o meio ambiente

Agricultura regenerativa

Representação da sustentabilidade no agro.

Aumento de biodiversidade

A combinação de práticas sustentáveis nas lavouras preza pela biodiversidade, tanto da microbiologia do solo quanto de espécies de cultivos, favorecendo o equilíbrio natural do ambiente característico da região tropical do Brasil.   

Valorização dos ecossistemas

 A atividade agrícola que considera práticas de agricultura regenerativa e positiva valoriza os ecossistemas, de maneira a promover produções adequadas para atender à demanda do mercado, explorando as características do sistema ecológico natural de cada região. Dessa forma, a agricultura se torna um setor que cumpre seu papel social sem gerar degradação ambiental.

Recarga de aquíferos

Muitas regiões produtoras brasileiras estão situadas em áreas com importantes microbacias subterrâneas de água doce, com reservas hídricas que correspondem aos maiores sistemas aquíferos registrados no mundo, a exemplo o aquífero Guarani, que tem 70% de seu volume de água situado em terras brasileiras, e o SAGA (Sistema Aquífero Grande Amazônia), o maior do planeta, considerado um verdadeiro tesouro subterrâneo. 

Práticas de agricultura regenerativa e positiva, com estratégias de preservação do solo, visam assegurar a manutenção da permeabilidade e da capacidade de infiltração de água, responsáveis pela recarga desses importantes reservatórios. Além disso, a sustentabilidade na agricultura também deve considerar a qualidade da água infiltrada no solo, fator primordial para a manutenção do equilíbrio ambiental. 

Sequestro de carbono

A redução das emissões de gases de efeito estufa e o aumento da capacidade de sequestro de carbono são dois dos objetivos da agricultura regenerativa e positiva, alcançados com sucesso por meio de práticas como plantio direto, ILPF e rotação de culturas. Assim, mantém-se a qualidade do ar e evita-se a continuidade do efeito estufa, com possibilidade de frear as mudanças climáticas, o que é primordial para a regularização das chuvas e do ciclo das águas, para a proteção da biodiversidade e para a valorização dos ecossistemas.

Para o agricultor

Cotonicultura

Cotonicultor apreciando seu cultivo.

O agricultor também é diretamente beneficiado pela agricultura regenerativa e positiva, mantendo-se coerente com as atuais demandas sociais e ambientais, ganhando produtividade e rentabilidade na lavoura. Dentre os diversos benefícios voltados ao produtor rural, é possível destacar:

  • Eficiência do uso do solo: produz-se mais em uma mesma área, otimizando o espaço para ter eficiência produtiva abrangente sem a necessidade de abertura de novas áreas. 
  • Otimização de recursos: ao explorar com qualidade e equilíbrio os recursos naturais da área produtora, o produtor otimiza os investimentos e os custos de produção, por exemplo, práticas de manejo alternativas que reduzem as pulverizações de defensivos agrícolas e o uso de fertilizantes.
  • Superação dos desafios climáticos: o equilíbrio climático nas microrregiões é essencial para um planejamento agrícola assertivo, reduzindo riscos ambientais. A agricultura regenerativa e positiva tem importante papel na superação desses desafios, que afetaram as produções nos últimos anos.
  • Natureza a seu favor para aumentar a produtividade: a harmonia entre natureza e produção agrícola gera o cenário ideal para boa produtividade, de maneira que o agricultor pode aumentar sua produção a partir de um solo com qualidade superior, um clima previsível, entre outros fatores já comentados.
  • Produtos melhor posicionados no mercado internacional: o mercado atual demanda, cada vez mais, produtos de qualidade e provenientes de processos sustentáveis. Rastreabilidade e uso inteligente de tecnologias são fatores valorizados pelos consumidores. Assim, a agricultura regenerativa e positiva coloca o produtor competitivo no atual cenário mercadológico.

Assim, a agricultura regenerativa e positiva visa sistemas e práticas que atendem as necessidades ambientais, sociais e econômicas, por meio de estratégias e tecnologias inovadoras.

O Brasil na liderança da agricultura regenerativa

Pelas características ambientais do Brasil, com clima majoritariamente úmido, temperaturas ideais para o crescimento das culturas, disponibilidade de reserva hídrica, solo fértil, biodiversidade, entre outras, o país tem alta capacidade de adotar a agricultura regenerativa em sua agenda e ser um exemplo para o mundo quando o assunto é alta produtividade e sustentabilidade.

De fato, as terras brasileiras estão sempre no foco das discussões mundiais, com papel importante no cumprimento das metas estabelecidas pelas Conferências das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, entre outros programas internacionais. 

Empresas como a Syngenta visam a elaboração de pesquisas e tecnologias que facilitem o acesso do produtor às práticas de agricultura regenerativa e positiva, colocando o Brasil como referência e liderança em sustentabilidade, em prol da coexistência harmoniosa entre agricultura, meio ambiente e sociedade.